quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O Mar de Monstros e Eu

Grande parte das obras que se desdobram em uma série, têm, caso a primeira parte de sua história faça certo sucesso, a injusta tarefa de prosseguir levando a qualidade adiante. Digo injusta porque ter como comparação para um novo capítulo a aclamada parte anterior da saga não é necessariamente uma tarefa que eu considere fácil.
Não quero entrar aqui na (eterna, infinita e imortal) discussão entre sucesso e qualidade, o que prolongaria (e muito) esse texto, mas digamos que as séries de sucesso tem lá o seu mérito, seja ele qual for.

Rick Riordan, supostamente criou um novo mundo, baseado numa cultura existente e reimaginou situações atuais para um contexto mais antigo que seresta de dia dos namorados. A brincadeira deu certo e o tal livro vendeu que nem água, teve seus direitos comprados por um grande estúdio e um filme dirigido pelo mesmo diretor dos primeiros longas de outra série infanto-juvenil que também sofre do problema citado anteriormente.


Riordan tinha nas mãos, além de muito dinheiro, um problema a resolver: prosseguir com sua série sem decepcionar os fãs.
E é aí que a água começa a entrar.

Eu não sei você, mas eu não tenho o péssimo hábito de começar a acompanhar uma série, independente da mídia (mas principalmente literária), por um capítulo que não seja o primeiro (com excessão, óbvio, de Star Wars). E justamente por esse fator, não tenho muita paciência com séries que ficam se repetindo em volumes posteriores. Eu acho que explicar tudo de novo é, além de desnecessário, desrepeitoso. Aí você me diz "mas e o leitor que começa pelo volume dois e precisa se situar?" Ao que eu lhe respondo "ele que se foda!". O volume dois, como uma continuação do primeiro, torna o primeiro volume imprescindível. É como quem tenta entrar num trem em movimento...
Além de irritar o leitor que já tem conhecimento dos fatos ocorridos na primeira parte da história, o autor muito provavelmente, não irá conseguir fazer o tapado que começou a ler pelo livro dois entender porra nenhuma dos acontecimentos anteriores, fazendo a explicação se tornar completamente desnecessária.

Mas os problemas não param por aí.

O Mar de Monstros tem, além de um título muito fraco, uma história cheia das incomodas coincidências ocorridas no volume um da saga do pequeno Percy.
É absurdo o número de vezes onde você precisa suspender a lógica e ignorar o bom senso pra poder se divertir com esses heróis.
Lembro que eu e meus amigos tínhamos uma teoria de que sem auxílio e os eventuais lances de sorte, Harry Potter jamais teria sobrepujado seu inimigo mór. O tal do Percy Jackson pega minha teoria e eleva à enésima potência.

Andando por aí eles tropeçam num monstro qualquer, navegando por ali tropeçam em outra personagem da mitologia, que pra causar a famosa surpresa no roteiro tem como nome apenas as iniciais de sua verdadeira identidade. É um show de figuras conhecidas que Riordan desfila, aparentemente para mostrar conhecimento, como quem diz "olha, escrevi uma história da mitologia grega e não esqueci de falar de fulano de tal".

Isso sem comentar os inúmeros paralelos que podem ser traçados com esse volume da saga do jovem Percy e a de um outro garoto aí, que tinha uma varinha e fazia magiolas.

A única motivação bacana para acompanhar a série (além do meu T.O.C. de terminar as séries que começo mesmo não achando-as isso tudo) é o humor. Riordan sabe como arrancar risadas gostosas com situações constrangedoras, piadas sem nexo e humor ácido de não tão fácil entendimento para crianças de doze anos.

Por essas razões, eu espero muito que A Maldição do Titã se utilize dos tais paralelos inevitáveis com a série do bruxo para que possa ao menos ser comparada com um dos melhores volumes escritos por J.K. Rowling... O incrível universo do terceiro livro!

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